segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ontem à noite ;


Eu vi lá todos os filmes de gângster que eu conhecia,e alguns que eu nunca tinha ouvido falar. Vários discos, raridades, que um dia sonhei em ter. Aquele livro ! Um livro policial, me lembro daquele livro. Me lembro que uma vez você disse que eu ainda não podia ler. Tinha uma caveira na capa, me dava medo !
E por que é que a gente tava na velha casa? Lembro perfeitamente de lá, e de lá a saudade é maior. A poodle não tava. Quando você saiu para buscar uma Fanta Uva,eu fiquei assistindo aos filmes. Não tinham nada que combinasse com você,nem os discos. Só o livro,o livro pra sempre. Mas aí você não voltou. Só pode ter ido pra casa nova,porque a velha nem é mais sua, esqueceu ?
Não entendi porque você me levou até lá. Arrisco que foi porque naquela época,eu não tinha maldade. E sorria só de me sentar naquela rede. Lá a gente fez muitas festas,e foi a época boa. Lá a gente foi feliz. Depois disso,eu decepcionei e não quis te ver. Errei feio. Então, me leva lá de novo amanhã que eu preciso te pedir perdão. Vou dormir lá pelas 8,vê se não atrasa !


- Texto feito a partir de um sonho. Feito pra alguém que eu sei que não vem, porque já se foi.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Escrava da rotina ?


Assisto-o à minha frente todos os dias. Conheço cada um de seus movimentos. Sei quando ele larga a borracha para pegar o lápis,sei quando ele termina sua atividade. Eu sei quando ele não sabe a resposta,porque inclina a cabeça para a esquerda e apoia o queixo sobre a mão.
Eu sei que ele não conversa,nem olha para os lados,porque se o professor pronunciar seu nome, ele se afoga em sua timidez.
Ele me empresta os deveres,a garota da outra fila também. Ele sempre faz. Ele se sai bem bem em química,às vezes em física,e também inglês. Colo dele nessas provas. Nem sempre passo cola. Também colo da garota da fila ao lado.
Ele permanece calado. Mas se alguém o chamar,talvez ele responda com um sorriso.
Ele é baixinho,quase não fala. Mas quando ele falta,vejo um vazio imenso à minha frente.
O nome disso não é carinho,não é amor,não é amizade. O nome disso é rotina. Eu odeio essa porra dessa rotina.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Mudanças

Todos sabemos que mudanças são complicadas. Acomodar-se em um lugar e logo fixar moradia é muito simples, fácil e não causa fadiga. Quando essa estabilidade toda é quebrada, ficamos desnorteados, desesperados, desastrados e desiludidos.

A primeira coisa que se passa na cabeça é: e agora?
E agora, o que fazer diante de uma situação inesperada? Fugir, fingir indiferença, ficar, lutar? Mudanças impostas são difíceis de aceitar. Muitas vezes fechamos os olhos e começamos a mentir. Mentir pra si mesmo.

Mudanças por escolha são mais agradáveis de serem feitas, mas não menos difíceis de serem executadas. Peraí, você falou a mesma coisa! Não, a escolha: hoje eu vou mudar! é mais fácil de ser "feita" (ou na maioria das vezes, simplesmente falada) do que a execução por assim dizer. Quando resolvemos mudar, estamos deixando de lado conceitos antes agarrados com convicção, aquela coisa que você defendeu com unhas e dentes. Se desvencilhar dessa coisa demanda tempo, disposição e principalmente força de vontade.

Hoje eu mudei. Sou uma pessoa nova, diferente da fraca de antes. Agir é sempre melhor que ser uma pessoa estática. O orgulho de si mesmo é orgásmatico. Sentir o ego inflar por poder falar "eu agi" é insubstituível. E deixar pra trás as coisas que estavam lhe fazendo mal, lhe transformando numa pessoa parada, sem atitude, é dar dez passos a frente.

Mudar é necessário. Um novo tipo de roupa, um novo corte de cabelo, uma nova gíria, um novo jeito de andar, um novo jeito de ser, um novo piercing, uma nova tatuagem. Adquirir.

Abstrair só o que for necessário. Ignorar conceitos, pessoas, pressões, estagnações, reclamações, discussões. Ser livre.