sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Divino

Eu não sei se é prazer ou dor, céu ou chão, sim ou não. Ou talvez. Se é alegria ou tristeza, anjo ou perdição. Lua ou Sol, mistério ou luz, mais ou menos. Ou divisão. Se é o bem, ou se é o mal. Você ou eu, o começo ou o final.

Não sei se é o carinho, ou seus tapas. Suas músicas ou os seus cheiros. Se é o barulho que a cama faz ou se é o cuspe que lubrifica ainda mais a camisa de vênus.

É amor ou sexo, tesão ou paixão?

(Se é da farinha que se faz o pão,
do sexo, se planta o amor.)
É isso. Sexo antes amor depois.

Eu acho que te amo. Me caiu uma lágrima quando você me ligou dizendo saudades, respirando fundo com minha cueca sobre o seu nariz. Eu acho que te amo, que eu vou te amar. Vai ser eterno enquanto durar. Vai ser pra sempre. Se Deus quiser vai ser pra sempre.

E Deus, Deus sou eu.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Estante

Dei pra achar mágico deixar os meus pentelhos no seu sabonete. Pareceria nojento, a princípio. Mas quando você me comeu, também o foi: dois corpos lavados de saliva, e sujos de sêmen. Animalesco, talvez. Com certeza, mágico. Assim como também é terminar um livro. Assim como é mágico o fim.

Assim como vai ser quando a noite chegar. Quando você for tomar o seu banho, cansado e sozinho, com o sabonete cheio dos meus pêlos. Totalmente mágico. Meu recado estará dado:

Ficou so o pó.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Domingo

Hoje sou só sorrissos
porque eu estou feliz,
porque eu vi você
do outro lado da rua.

O sol me acenou,
os passaros cantaram
i love you,
as flores me cobriram
de bem-me-quer,
meus olhos brilharam,
meu coração disparou
e meu pau ficou duro.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Moacir

Não rabisca rock no caderno,
nem faz juras de amor eterno.
Pobre coitado,
não sonha acordado.

Não grita quando é gol,
nem pedi bis no fim do show.
Se perguntas 'Como vai?', ele diz que vai levando
e exibe a barriga com o qual vai empurrando.

Não acretida em simpatia
e quando te comprimenta não diz 'Bom dia'.
Tem medo de banho de chuva
e de perder o controle na curva.

Não ladra e não morde.
Não bebe, não fuma, não fode.
Vive parado,
espera tudo sentado.

Que dó do Moacir,
morreu e esqueceu de cair.
Bobão, mania mais besta essa
de ficar sempre com o pé no chão.

!

Feliz aniversário

Outro dia, me desejaram saúde e dinheiro.
Espero ficar longe da gripe
e comprar logo meu principe encantado!

.

Euforia

-Vou gritar pra todo mundo que te amo.
(Ai meu Deus, perdi a voz!)

.

Flor

Estou apaixonado (!) pelo amigo da prima- Vera
Só não sei se ele se chama Tony ou- Tono.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Boate

Beber até cair nos seus braços, abraços.
Rodopiar, dançar como se fosse a ultima vez.
- Ainda estou zonzo da vodka:
Será que foi mesmo a ultima vez?
A sensação de precisar de glicose
e beijar seus beijos doces.

Entre uma música e outra,
um passo e outro,
quase sem querer lhe toco o orgão.
Quero te levar pro banheiro.
Não se assuste.
Se tens medo de perder a virgindade,
não se precocupe.
Quando eu cheguei,
já te comi com os olhos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Embrião

Tenho uma vida desrregrada me dominando a carne. Só penso em sexo. Neurônios em orgasmos multiplos gozam as mais loucas idéias. Me entrego a qualquer um que passe do meu lado mordendo os beiços. Acordo entre homens e mulheres. Viro a noite, perco a voz. Vou afastando do meu corpo qualquer tipo de sentimento que possa me dominar de maneira ainda mais devastadora. Quero ele, quero ela, quero gozar.

Não quero nada.

Tenho uma vida desrregrada me dominando a alma. Só penso em não pensar. Neurônios, pele, tato. Me entrego a cada um de maneira única. Sou como uma virgem que sangra, que geme de dor enquanto passeia entre os anjos. Vou procurando no escuro a mais sublime forma de tocar o céu. Sigo deixando marca de sangue em todo lençol que me deito. Sangro em forma de sêmem, uma correnteza de sêmem num rio de imaginações.

Vivo uma vida ainda não fecundada.

domingo, 5 de julho de 2009

Língua

Quero seu beijo
com sabor de beijo
beijando meu beijo
chupando minha língua
Quero sua língua
com sabor de beijo
beijando meu beijo
chupando meu ânus
que desabrocha e
te espera

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Saúde

Sai cedo a te procurar. Tê-lo aqui comigo ultrapassa a vaidade, é uma questão de sobrevivência. Além disso, preocupava-me a idéia de você sumir assim, aos cacos. Levantei cedo e levei comigo a tristeza e culpa da minha incapacidade de lhe fazer feliz. Sozinho eu não dou conta.

Tratei de começar pelo lugares mais óbvios.
Fui aquele bar que você tanto freqüentava, e deparei-me com a notícia que já não se pode mais fumar nesses locais. Procurei pelos becos e morros, mas há tempos você parou de sambar. Entrei em quartos mofados que cheiravam a porra, e nem me liguei que quando partiu já estava impotente. Fui ao Pelourinho, a pé ao Cristo Redentor, e nada de avistar você. Perdera a fé e todo tesão que possuía nas veias. Olhei naquela praça de jardim enfeitado, lagoa com pedalinhos, porém era tudo romântico demais para lhe abrigar.

Foi lá que avistei um velho barbudo, sorrindo alimentando as pombinhas. Chorei. Lembrei-me da fome que tinhas de amor e de como queixava-se do frio que tanto lhe incomodava nas noites geladas. Busquei então o horizonte, tão próximo do Sol. Tolo, você estava fraco demais para chegar até lá, mal cantava nesses últimos dias. Foi-se em silêncio, sem deixar rastro algum. Procurei, procurei, procurei... Já não sei mais onde procurar.

Coração, onde estas a bater?
Volte logo, sem você, não vivo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sopa de letrinhas

Eu não conheço o amor, apenas tenho umas idealizações bobas sobre o que dever ser isto.
Tipo assim, um amontoado de palavras:
Dormir de conchinha, esquecer de tudo, lençóis brancos, sonhar junto e sonhar um dentro do outro. Ciúmes, desejos, carícias, discussões, carne e espírito. Baseado, kama sutra, sussurros, palavrinhas e palavrão. Diálogo, escândalo, Cazuza e poesia. Homens, hormônios, contato e masturbação. Cérebro, bunda, falta de ar e disritimia. Beijos de novela, galã de cinema, motel e filme pornô. Razão, insanidade, lágrimas e boleros tristes. Falta, vazio, falta de explicação.
Alma, cor, segredo e sagrado.
Número e pronome.
Eu e você.
Nós dois.

domingo, 24 de maio de 2009

-


Hoje consegui estancar a hemorragia. Ou será que foi ontem? O sangue que já perdi, com toda certeza me fará falta, mas meu corpo se empenhará para repor e compensar a perda. Senti um pouco de dor, não sei se pela ferida, ou por ver que eu perdia parte de mim.
Ver todo aquele sangue, indo embora num tom forte. Meu sangue é grosso. As gotas que me escorreram pelo corpo caíram na calçada e as marcas ainda estão lá. Só não consigo é me lembrar se foi hoje ou ontem que a hemorragia parou. Não importa.
Agora não perco mais pedaços de mim por aí. A ferida ainda está aberta, em carne viva. Dói só de olhar. Mas é só uma ferida, e mais cedo ou mais tarde ela precisa fechar. Caso ela não se feche, eu morro. Morro consumida por toda a dor e todos os problemas que a ferida me trouxe. Ela vai se fechar.
Mas me atrai a possibilidade de morrer. Caso eu consiga renascer serei outra. Mas também, eu gostaria muito de ter a cicatriz, lembrando o tanto que um dia sangrei.
É estranho porque falo como se as coisas estivessem em minhas mãos. Mas não, elas não estão.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

(...)

Hoje eu acordei triste. Trata-se de um vazio, proveniente de uma falta. Embora sempre há de faltar algo, nenhuma falta me entristece tanto quando a falta de você. A falta vem sempre com o vazio. O vazio é impalpável e invisível. Assim como tú és para mim.

Abertamente falando, nem sei qual o seu nome, sexo ou telefone. Isso é so para se ter noção do quão grande é esse vazio. Sinto a falta de alguém que nem sei quem.
Melhorando, me falta amor.

Procurei por diversos lábios, porém nenhum deles pertencia a você. Nenhum deles foi capaz de me arrancar suspiros. E saiba que não foram poucos. Se eu ao menos soubesse qualquer informação sobre você, facilitaria as coisas. Porém, com o amor não há regras, e não é porque gosto de samba que vou te encontrar no carnaval.

Eu só acho que, em se tratando do meu amor, tenho todo direito de tê-lo em mãos. Mas para que ele seja meu, antes disso ele tem que ser seu. Então, me dê logo seu amor. Um daqueles que derruba o ser humano a quarenta graus de febre, e o tira dessa sem sequer um comprimido.

Não precisa ser perfeito, basta ser meu, sendo seu. E assim sendo, que só me falte palavras. que não falte mais nada, além das palavras. Palavras e gestos para poder dizer,
que eu amo, amo você!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Anatomia


Já não me lembrava como é chato fazer uma prova de vestibular. O pior é te encontrar na saída e perceber o quanto me torno impotente diante da sua presença. Sou mil vezes fazer mais cinquenta equações matemáticas! Diante de você não me aparecem alternativas. És uma questão aberta, onde as palavras tentam organizar uma resposta que vem da cabeça, na qual nada se compreende, não faz o menor sentido. A questão fica em branco.

Tens um que de tesão, um tê de 'quero te mostrar mais'. E ao contrario do que estudos do corpo humano explicam, não me ocorre nenhuma ereção. Apenas perco a fala e sigo em frente. Fico de queixo caido. Nem a física sabe me dizer que força é essa. Um bobo do texto de literatura. Posso ler milhares de livros que não compreenderei do que se trata esse assunto. Vou entender como meu pau funciona, como o meu coração bate, mas tão pouco entenderei o que desespertas em mim. És um mistério. E não me recordo de me combrarem isso em nenhuma prova. Mistério combina mais com cinema, filmes de suspense. Sempre esperando algo que pode acontecer, e nem sempre acontece. Odeio ficar esperando, prefiro mil vezes viver um romance.
Com você, ou não.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Mamãe,


eu nunca soube muito bem distinguir o certo do errado, o bem do mal. É fato que algumas vezes estive convicta de uma ideia, mas logo depois já colocava em dúvida minhas certezas. E foi, fui sempre assim, pendendo para os dois lados, nunca caindo totalmente para algum. Nunca me prendi à nada, à absolutamente nada. Na verdade foram as coisas que me prenderam, e não eu a elas, como é de costume acontecer.
Pessoas, sentimentos, erros, memórias. Todas essas coisas tentaram por vezes fazer com que eu ficasse presa a elas. Cheguei a me perguntar em algumas situações se não seria ali o meu lugar, se não seria aquele o meu caminho. Mas sabe, eu descobri que eu não tenho uma estrada definida. Meu caminho é um campo aberto. Precisa ser assim, me desculpe.
Eu preciso ver muito mais, eu tenho tanta fome, eu tenho sede, eu preciso respirar a vida. Queria que a senhora entendesse que eu sou só um corpo, mais um corpo procurando minha alma pelo mundo. Preciso encontrá-la logo. Por isso tanta ansiedade. Não quero ser um corpo sem alma, mamãe.
Pode ser que eu esteja errada mais esta vez, ou que eu desista e me perca no meio do que eu estiver fazendo. Mas me deixe tentar! Não faça comigo como tantas memórias, tantos erros, tantas outras pessoas fizeram. Não me prenda! Eu não posso estar presa. Presa eu morro, mas me solte que eu renasço.
Não brinque com meus pensamentos confusos. Não faça de mim qualquer pedaço da sua casa. Entenda minha necessidade, quase vital. Não me faça parar.
Apesar de pender sempre para os dois lados, e às vezes nem escolher algum, mamãe, o meu coração, é, disso eu sei. O meu coração vai estar sempre guardado com a senhora. Ele não precisa ser solto, ele precisa estar seguro.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ou vice-e-versa

Gosto de chegar em casa e te achar assim, no sofá. Despretensioso, coxas de fora, barba feita e um livro nas mãos. Ao fundo pode se ouvir, baixinho, o rádio ligado. Desabotoo minha camisa e me apoio em seus ombros. Gosto de sentir suas mãos - que já não seguram mais o livro - passeando pelo meu peito. Arrepeio a cada mordida que, delicadamente, dá em minhas orelhas. Gosto de te observar cozinhar. Aguá ferverndo, você de frente pro fogão me exibindo as costas. Até que eu perco o controle. Te abraço por trás e beijo sua nuca. Gosto de como me conduz até o chuveiro, do cheiro do sabonete que ensaboa meu pênis e de como você esfrega a toalha, parte por parte, em meu corpo. Gosto de ter você assim, pelado, tarado. De me perder em seus braços e me afogar no branco desse lençol. Gosto, gozo.

Gosto de acordar cedo, entre suas pernas, e ir trabalhar só pra mais tarde te achar no sofá. Gosto de te observar cozinhando. depois, comer sua macarronada e jantar você.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Paladar




Eu não devia ter aceitado esse convite, que cilada acreditar no zodíaco. Que loucura acreditar que você vai mudar. Por que disso? Estamos sentados frente a frente a quase cinquenta minutos e nossa conversa não durou mais que um cigarro, enquanto o silêncio já consumiu meio maço. Eu não sei ler o que você não diz, e a única coisa que você disse até agora é que pelo visto choverá mais tarde. Nem notou que pintei os cabelos. Tento puxar um assunto, pergunto se ainda tem a velha mania de dormir de meias e você apenas balança a cabeça como quem diz sim. Quero saber se você já tem outra. Ou antes disso: saber por que me chamou para vir até aqui. Por que escolheu logo esse lugar? Qual a sua intenção me trazendo de volta a esse passado? É sexo que desejas? Deveria ter me levado a um motel, mas a verdade é que você é incapaz de me proporcionar todo esse calor que agora consumo numa xícara. Você só pensa em si, e a verdade mesmo é que isso pouco me importa. Te quero. Tudo que desejo nesse momento é ter coragem para lhe dizer que se ainda quiser, sou toda sua. O amor me humilha e me ilude. Quando o meu telefone tocou passei a imaginar que era hoje que iríamos nos acertar. Errei. Você não mudou, eu não te esqueci. Se você ao menos soubesse ler o meu olhar ia perceber o quanto invejo aquele casal feliz da mesa ao lado. Talvez isso lhe causasse alguma comoção. Porque o amor me humilha e eu me contento com pouco. Acabo aceitando suas palavras mudas e seu sexo frio. Aceito restos e dejetos. Aceito todos os convites que me fizer para voltar aqui. Aceito café sem açúcar e me entrego por inteira a você sem sal.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ser

Ser desprezada, ignorada, tratada com indiferença. Com uma completa cara-de-pau. Quero te deixar livre. Livre. Que tipo de amor é esse? O que a consome agora? Eu te amo. A decepção cega. Impossível acreditar em qualquer mentira. Até nas verdadeiras.

Gosto de me sentir entorpecida. De não me sentir. Anestesiar meus sentidos, à procura de momentos de vazio. O confortante nada. O quarto, antes todo preenchido, agora é só eco e escuridão. Ouço-me, numa repetição infinita e circular, que teima em me amedrontar. Em assombrar.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Aspas

Um dia, quando eu era pequeno, sem querer entrei no banheiro feminino. Que vergonha que eu fiquei, sai correndo e me tranquei no armário!

(Fecha aspas)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Conto de Fadas


ali, vivem os apaixonados - dirão os terráqueos.


Vou te levar pra morar na Lua. Viveremos só de amor. Materemos a sede através de carinhos sinceros e abençoados - a fonte que brota meus sentimentos não irá se secar. Vou matar sua fome e saciar minha vontade - nos alimentaremos de sexo, assim como seu ventre se alimentará do meu gozo. No lugar do vinho, vamos nos embriagar de beijos molhados e ardentes. Minha boca há de apreciar cada golada que tens a me oferecer - estarei constantemente bêbado!

Na Lua, andaremos pelados, iguais a Adão e Eva, sem ter roupa suja pra lavar. Seremos vizinhos de Jorge e nosso animal de estimação sera um Dragão. Do nosso quintal avistaremos a Muralha da China e toda a Via Lactéa. Planteremos estrelas no jardim e criaremos uma constelação de filhos!

Vamos embora para a Lua. Lá seremos amigos do rei Sol. Serei seu príncipe encantado e serás a dona dos meus pensamentos. Meu cavalo branco será um cometa em chamas e nosso castelo feito de meteoritos. Seremos enfeitiçados por uma bruxa boa. Não haverá o dia e a noite, nem o ontem e o amanhã. Seremos eternos amantes, predestinados a um final feliz. Felizes para todo o sempre. E fim!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cores, flores, amores.


Hoje vou te reinventar dentro de mim. Te pôr a limpo num papel novo e amar diferente tudo outra vez. Porque me canso de ser todo dia sim e me torno um não. Vou te reescrever numa cor diferente, talvez um vermelho tão intenso quanto os sentimentos que carrego. Darei toques de verde escuro pra que cuidem do nosso futuro com muita esperança.
Quero te refazer sempre, pra não deixar que nada envelheça e perigue morrer. Vou te desmontar e remontar várias vezes, numa ordem diferente, sem faltar pedaços. Quero tudo que você tem, mas às vezes você pode ser sim, e deixar um pouco de ser não. Vou te entregar meu amor reciclado. O mesmo que nasceu numa semana de afinidades. Reciclei esse amor pra te dar de presente, tirei o que já estava gasto e juntei mais pedaços de vida nele.
Hoje vou te reinventar dentro de mim. Não que eu precise de outro amor, mas é que eu preciso saber que as coisas saem sempre do lugar, e que mesmo o meu amor, apesar de seguro, às vezes precisa brincar de ser outro. Assim como nós dois às vezes brincamos de nos odiar, sabendo que o ódio não existe. Assim como nós dois às vezes brincamos com as palavras e acabamos nos ferindo, mesmo sabendo que o que sai da boca, nem sempre vem do coração.
Meu amor, prometo cores, flores e amores pra nova vida. Que os nossos novos eus sorriam muito mais que hoje e ontem. Vou comprar muita tinta, vou estender um arco-íris pra você passar. Vou dar vida aos nossos novos caminhos, que já se adiantaram a nós. Vou te amarrar uma cordinha pra você não se perder, e vou soltar quando você pedir pra caminhar um pouco mais.
Esse é o nosso mundo novo, num amor reinventado. Agora corre, que ainda existem muitas páginas antes de terminar este capítulo e muita tinta, muita cor pra viver.

domingo, 12 de abril de 2009

Godê

O que eu vejo, ninguém mais vê. Assim como o que você vê, ninguém mais vê. Nem eu. Meu avô é que gostava de falar 'Eu vi, com esses dois olhos que a terra há de comer'. Ela que não perca tempo com os meus. O que eles têm de gostoso ela não come. O que vi pelo caminho vai comigo, ainda que eu não saiba pra onde. Todos os tons do verde, azul e vermelho, e as n combinações entre elas a terra não come. Marrom de terra, de bolo de chocolate, de café na mesa, de violão desafinado, não come. O branco da sua cueca não lhe abre o apetite. E falando nisso, poucas as vezes que te vi usando cuecas de cores fortes, como o roxo. Roxo mesmo só na gravata que usou no casamento da sua irmã, que se casou de branco. Branco igual suas cuecas. Mas isso é outro assunto.

Pra terra, verde falta tempero. Verde da embalagem de Sazon, do cheiro de mato, verde maconha, verde bandeira, verde da quase extinta nota de um real. Talvez o verde dos seus olhos ela goste. O amarelo do seu cabelo ela não gosta. Nem do amarelo de sol, da cerveja e de alguns sorrissos. Aquele jardim todo colorido lhe enjôa. Só não sei falar extamente que cores eram porque, pra falar a verdade, quando estou com você não tenho olhos para mais nada. Já quase bati o carro porque não notei o vermelho do semafaro. Não enxergo nada, nem o vermelho do semafaro nem o do eslmalte da mulata. Nem da roupa da vitrine, do batom, nadinha.

Ainda tem o tempo. Esse é que não enxergo mesmo. É so deitar no seu colo. Ele pode passar em rosa choque que eu não vejo. E é ai que me fica a dúvida: será que a sete palmos do chão, quando a terra comer meus dois olhos, vou ver qual o tom o tempo tem?

sábado, 4 de abril de 2009

Janeiro

O Pão de Açucar, o Corcovado, suas nádegas. Deslubrantes, os três - fascínio. Tu és meu Rio de Janeiro. Doce lembrança salgada de mar. Te fiz canção em Vila Isabel. No arpoadoar, fantasia - arrepios. Em Ipanema pensava em casamento. Teus pés descalços, seus braços fortes e um pensamento louco na minha cabeça - ilusão. Na Lapa fui turista - vadia - eras sonho. No quarto do hotel - memória - o espelho refletia suas sombrancelhas gulosas e seu corpo luxúria. Você de pernas abertas, o Cristo de braços abertos - paixão. Meus olhos bem abertos, sua boca quente, nosso suor ofegante. Ali, me fez grande - tristeza. Era o começo do fim. Melhor se fosse o fim do começo. Eras, ao mesmo tempo, o cigarro queimando e a fumaça que escapava aos lábios. Eras o bronze que me saltava a pele e o frio que me esperava lá em casa. Eras manhã de Sol e ontem. Eras castelo de areia e o vento. Eras ressurreição e morte. Hoje tu és recordação, fotografias - saudade. És a proxima estação. És o verão em outro continente. Peço sempre a Nossa Senhora de Copacabana para tê-lo de volta, eternamente -amor. Em silêncio, enquanto rezo, peço também que as estrelas te mandem um beijo. Um só, igualzinho ao sentimento que me despertou naquela cama, único.

Prazer em conhecê-lo.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Testamento Barato

Meu sexo, deixo-o ereto e sujo de sêmen, e de bocas voluptuosas, pronto para outras bocas voluptuosas. Meu sêmen, deixo em forma de poesia, quente, feio e torto como um feto, que ainda assim está cheio de vida. Minha pele, deixo em forma de uma árvore seca e sem folhas, que espera a chuva, pronta pra renascer, dar frutos, exalar perfumes, segredos e desejos. Meus olhos, jogo-os no lixo, que se danem. Durante esse tempo todo eles estiveram vendados, cegos perante meus sentimentos, e por isso os julgo inúteis. Minha língua deixo guardada comigo. Confesso que seus beijos e suas costas com sabor de pecado vão ser mesmo difíceis de esquecer. Minhas mãos deixo para crianças inocentes que ainda nem sequer imaginam que exista pudor e tesão por trás de dois humanos ditos apaixonados. Meus pêlos, pentelhos, deixo em forma de brisa, mansa e que afaga, procurando sempre um lugar pra repousar. Minha carne, meu coração e minha alma, peço, por fim, que sejam queimados com o fogo da mais profunda terra, até se reduzirem a pó. Depois, peço que esse pó seja jogado da mais alta montanha já escalada, e que o vento o espalhe para bem longe. É chegada a hora de alçar novos vôos, gozar novos horizontes e explorar novos corpos.

Nosso amor, aqui jaz!

Escrito por Rafael.